16/05/2015
Reabilitação Fisioterapêutica nas Lesões do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
O rompimento do ligamento cruzado anterior (LCA) é hoje uma importante condição de incapacitação do joelho, constituindo-se numa lesão esportiva freqüente, sendo a principal causa de interrupção de carreiras atléticas tanto em profissionais quanto nos amadores. Sabendo-se disso vêm logo uma pergunta em mente: Porque o joelho sofre tantas lesões?
O joelho é uma articulação que realiza movimentos rápidos e complexos podendo sofrer tensões e compressões de grande magnitude principalmente durante a realização de atividades esportivas, onde a técnica e o condicionamento físico são essesnciais para a prevenção desse tipo de lesão. Ainda durante as atividades esportivas o joelho encontra-se no risco iminente de sofrer traumas, torções e contusões das mais variadas maneiras, podendo ser através de um trauma direto ou em movimento sem contato. Além disso, o joelho recebe a sobrecarga do peso corporal podendo ficar lesionado devido a fadiga dos tecidos capsulares, ligamentares e osteoarticulares que ocorrem pelo overuse (ex. esporte) ou pela idade do indivíduo.O principal mecanismo de lesão do LCA envolve um movimento sem contato, com o pé fixo no solo durante uma mudança de direção, desaceleração, stress em valgo (joelho para dentro) e rotação externa do joelho. É bem comum o paciente relatar ter escutado um “estalido”. Ao ser diagnosticado com lesão total do LCA pelo ortopedista, através de exame clínico e de imagem (RNM), se necessário, o paciente deverá ser submetido à cirurgia para a reconstrução do LCA (ligamentoplastia). É de fundamental importância que o médico oriente o (a) paciente a cumprir o processo de reabilitação fisioterapêutica corretamente, principalmente devido a alguns fatores importantes como:
O enxerto torna-se “envolvido” pelo novo tecido vascular dentro de 4 a 6 semanas. O tecido está estruturalmente fraco, mais vulnerável à falha, ou seja, a lesões!!!
Após 6° semana inicia o processo de proliferação do tecido colágeno.
Após 36° semana (9 meses), força máxima do colágeno
Ou seja, o (a) paciente deve estar consciente que seu novo ligamento está sendo “aceito pelo corpo” e que leva um tempo para que ele desempenhe as suas funções normais. É na fisioterapia que haverá o treinamento de todas essas funções.
Desta forma, após a cirurgia o paciente já estará apto no dia seguinte a iniciar a fisioterapia. Os principais objetivos da fisioterapia na reabilitação do LCA compreendem: Alívio do quadro álgico; Controle do edema; Proteção do enxerto, Promover mobilização precoce (CPM); Prevenir/Minimizar encurtamentos e retrações miofasciais;
Reativação da atividade neuromuscular, Ganho de tônus, força, volume e potência muscular; Ganho/Retorno de equilíbrio e propriocepção; Readquirir marcha e corrida.
De uma maneira geral a reabilitação fisioterapêutica pode ser dividida em três fases principais com a realização de diferentes condutas de tratamento em cada uma delas. São elas:
Fase INICIAL (1-2 semanas): A fisioterapia é iniciada com proteção ao enxerto, mobilização passiva através do (CPM) evoluindo para mobilização manual do fisioterapeuta, crioterapia para controle do edema, reativação muscular através da eletroestimulação (FES) e exercícios de isometria evoluindo para exercícios em CCA (cadeia cinética aberta) e CCF (cadeia cinética fechada) estimulando todos os músculos do MI operado, no início o paciente deambula com muletas que vai sendo retirada ao longo das primeiras semanas.
Fase INTERMEDIÁRIA (2 – 10 semanas): As mobilizações passivas são realizadas até a amplitude total do movimento (flexão), são intensificados os exercícios de fortalecimento muscular sendo adicionada resistência: resistência manual, caneleiras, elásticos, bolas, molas, peso corporal, retorno das atividades funcionais como agachar/levantar, subir/descer degraus e rampas, caminhadas, trote; uso da bicicleta estacionária, elíptico e esteira e início dos exercícios proprioceptivos (cinestesia/equilíbrio estático/ estabilização dinâmica). Nesta fase a fisioterapia aquática (hidroterapia) acelera bastante a recuperação do indivíduo. Durante e ao final dessa fase o paciente já estará apto a retornar suas atividades diárias, trabalho e atividades de lazer (Ex. viagens).
Fase FINAL (3° ao 5°/6° mês): Continuam sendo intensificados os exercícios de fortalecimento muscular podendo já ser realizado exercícios nas máquinas de academia (Mecanoterapia*), como: Leg Press, cadeira extensora, mesa flexora e outros; intensificam-se os exercícios proprioceptivos utilizando cama elástica, balanço, almofadas de equilíbrio, bozu e bolas, aumentando sempre o nível de dificuldade, treino de agilidade, velocidade, explosão muscular, potência, corrida e pliometria com exercício de saltos bipodais e unipodais e exercícios que trabalhem o gestual e a habilidade esportiva.
O paciente receberá alta da fisioterapia quando estiver apto a realizar as suas atividades físicas e esportivas sem limitações, podendo retornar normalmente a elas. Conduto, após ter sido submetido ao processo de reabilitação e recebido alta, os riscos de uma lesão recidiva se tornam os mesmos de antes de ter operado o joelho, isso se cumprir rigorosamente todo o cronograma elaborado pelo fisioterapeuta. É de fundamental importância que o individuo que não seja atleta profissional continue ativo e se exercitando para encontrar-se mais condicionado para a prática esportiva, minimizando assim os riscos de uma nova lesão.
Marcus Augusto Porto Farias de Oliveira – Fisioterapeuta – CREFITO 96147- F
Especialista em Traumato-Ortopedia e na Reabilitação do joelho
Fisioterapia Esportiva/Ortopédica – Cinesioterapia/Mecanoterapia
Musculação terapêutica em academias – Reabilitação & Prevenção
Curso de formação em Fisioterapia Aquática Esportiva/Ortopédica
Curso de Formação em Reeducação Postural Global – RPG
Curso de Formação em Kinesiotapping
IG: @markkusfariasfisio - #markkusfarias